quinta-feira, 2 de junho de 2011

Prescrever

Notícia do Público:

Proposta é discutida hoje em congresso
Enfermeiros querem poder receitar alguns medicamentos e exames
02.06.2011 - 08:30 Por Alexandra Campos
A Ordem dos Enfermeiros (OE) vai propor ao poder político que os profissionais de enfermagem possam receitar medicamentos, exames complementares de diagnóstico e ajudas técnicas em determinadas circunstâncias, à semelhança do que já acontece em vários países, como Espanha, Estados Unidos e Inglaterra.
(...)
"Se o enfermeiro verifica que a terapêutica de um doente crónico está de acordo com a prescrição médica e não há necessidade de reavaliação do diagnóstico, faz sentido que [o paciente] tenha que ir de novo a uma consulta?", exemplifica a bastonária da OE, Maria Augusta Sousa.
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"Actualmente os enfermeiros já prescrevem medicamentos em situações de emergência; se não o fizerem, até incorrem numa ilegalidade."
(...)
Carlos Sequeira recordou ainda que não são os médicos que normalmente acompanham a evolução das feridas. "Quando estas mudam de estado, se se colocar o produto que o médico tinha prescrito até se pode estar a atentar contra a saúde do doente."


Estou maravilhada com a qualidade da argumentação. Estes enfermeiros parecem partir do princípio que sabem, melhor do que os médicos, quando é que não há necessidade de reavaliação - não do diagnóstico, mas da situação clínica.

Felizmente a maioria dos enfermeiros não prescreve medicamentos em situações de emergência e, em vez disso, contacta um médico.

Quanto ao tratamento das feridas, aqueles que não colocam o produto que o médico tinha prescrito estão a falsear resultados, e o que deveriam fazer, mais uma vez, no caso de mudança de estado, seria contactar o médico, ou mandar-lhe o doente à consulta.

O trabalho dos enfermeiros anda a a ser desvalorizado pelos próprios profissionais com estas atitudes.

4 comentários:

luisa disse...

Não é que eu seja entendida na matéria, mas por alguma razão há médicos e há enfermeiros. Não é a mesma coisa pois não?

Ana disse...

Compreendo alguma preocupação por parte do público em permitir aos enfermeiros prescreverem medicação, pois não é hábito, no nosso país, questionar o poder absoluto do Sr. Dr. (embora a prescrição por enfermeiros tenha sido aplicados em diversos países tais como Inglaterra, Canada, Austrália e Espanha com sucesso - e curiosamente estes países têm dos melhores sistemas de saúde a nível mundial). Contudo, permite-me relembrar que é o enfermeiro que segue a evolução diária do doente, não o médico. Nos cuidados continuados (de que tanto se fala) em muitos Centros de Saúde, inclusivamente o médico recusa deslocar-se a fim de observar o doente e este não tem condições para se deslocar ao C.S. para se observado. O que fazer nestas situações? Parece-me razoável pensar que os nossos enfermeiros, devidamente formados, sejam capazes de dar resposta a este novo desafio.

mfc disse...

Não podia estar mais de acordo!
E tenho cá em casa duas enfermeiras(as minhas gémeas) que também concordam em absoluto com o que disseste.

Gi disse...

Luisa, também me parece.

Ana, com o poder vem a responsabilidade. E a formação dos enfermeiros não é nesse sentido.

Mfc, fico contente.