Leio que este ano há mais cinco mil professores no desemprego por não terem conseguido colocação no ensino público, e acho que o verdadeiro problema não é o Estado não dar emprego a essas pessoas mas sim os entraves que coloca a que se juntem, se organizem e criem as suas próprias escolas - cooperativas ou não.
Enquanto os ministros apelam ao empreendorismo e o chefe do governo aconselha os portugueses a serem menos piegas, vão crescendo as pilhas de leis e normas que castram as iniciativas. Não é hoje possível fazer uma escola numa casa qualquer com salas de aula e casas-de-banho. Da mesma forma, não posso, como às vezes sonho, ter um consultório onde faça umas pequenas cirurgias, com uma autoclave para esterilizar os instrumentos: tenho de ter áreas de limpos e de sujos, casas-de-banho para homens, mulheres e deficientes, desinfectantes e produtos de limpeza em arrumações separadas, registos e licenças, pessoal e segurança social, seguros, rendas, empréstimos e garantias. Calculo que para uma escola seja parecido, e que tenha de haver zona de recreio e refeitório, vigilantes e magalhães.
Por isso o investimento em Portugal diminuiu 40% nos últimos dez anos e há-de continuar a diminuir, afastando-nos cada vez mais das metas que nos dizem ser as nossas.
2 comentários:
Lembro-me de há anos uma amiga ter pensado em abrir um ATL para os fins-de-tarde dos miúdos (ainda não havia atividades estra curriculares nas escolas primárias públicas). É necessário ter não sei quantos metros quadrados por criança, não sei quantas sanitas, xis janelas por sala e não me lembro que mais. Sei que ainda procuraram um tempo um lugar mas nada batia certo com as exigências, obrigando a construir de raiz ou a onerosas obras de remodelação. Ficou tudo por fazer, como é óbvio.
Óbvio, Goldfish, e triste.
Não sei mesmo que caminho levamos.
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