sábado, 18 de agosto de 2007

Milho verde, milho verde...


Sáb 18 Ago 2007
Eufémia desobediente

Está a dar que falar o primeiro acto de desobediência civil ecológica realizada em Portugal. Ainda bem e gostaria de declarar a minha simpatia com o gesto.
Distancio-me, assim, das respeitáveis opiniões da Quercus e da Almargem - ambas com trabalho mais que meritório - que criticaram o gesto, concordando embora com os seus objectivos.
(...)
O movimento não fez uma acção a coberto da noite e do anonimato. Assumiu-se à luz do dia e com porta-voz.
(...)
O que surge como condenável é a queima de 1 hectare de milho transgénico. Lamento dizê-lo, mas esse aspecto deve ser colocado na balança do ganho social que o gesto induziu. Quando uma população interrompe uma estrada ou uma linha de combóio por uma causa que considera justa, ninguém se lembra de condenar.

Miguel Portas está a confundir as coisas. Este não é um "acto de desobediência civil ecológica" mas sim um acto de vandalismo contra a propriedade de um indivíduo que agia dentro da legalidade. Não teve realmente lugar "a coberto da noite" mas, segundo li, os atacantes tinham a cara tapada o que permitiu alguma confusão em relação ao grupo a que pertenceriam.

E se, quando afirma que "ninguém se lembra de condenar" uma interrupção de "uma estrada ou uma linha de combóio por uma causa (...) justa", não tem razão (condenam pelo menos aqueles que deixam de poder deslocar-se como habitualmente e vêm as suas actividades comprometidas), ainda assim é possível comparar o corte de estrada a uma greve, que também incomoda muita gente - e que hoje em dia funciona mais contra quem a faz do que contra o patrão ou o Estado.

A destruição de um hectare de milho transgénico numa propriedade privada não é comparável. É terrorismo.

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