quinta-feira, 8 de abril de 2010

Sobe sobe balão sobe

O Zé do Telhado andou a fazer umas contas que ainda não vi mais ninguém fazer e então é assim:

ou este desgoverno mentiu e o défice nunca esteve nem perto dos 4,5% do PIB inicialmente previstos para 2009
ou falou verdade e se o défice no início de 2009 andou perto dos tais 4,5% então para a média ser de 9.4% é que no fim do ano estava a crescer muito acima disso.

Conclui o Zé:

Se este minha hipótese aterradora for verdadeira, quer isto dizer que entramos em 2010 co0m uma situação tendencial do deficit, não de 9,4% mas sim de quase o dobro.
Pode ser que eu esteja a cometer algum erro crasso neste meu raciocínio. Se assim for, ficaria agradecido que alguém me esclarecesse. Se o meu raciocínio estiver certo, então estaremos fritos.

6 comentários:

Fernando Vasconcelos disse...

É claro que provavelmente um bocado das duas coisas ... Em todo o caso sim: se se mantivesse o aumento da despesa e se mantivesse a diminuição da receita o défice seria maior. Mas não esqueçamos que este aumento do défice era esperado e absolutamente necessário. Todos nós o pedimos. Ficarmos agora espantados mostra que ou estávamos distraídos ou não sabíamos o que estávamos a pedir.

Gi disse...

Todos nós pedimos o aumento do défice, Fernando? Há-de fazer o favor de se explicar melhor. E em relação a manter o aumento da despesa e a diminuição da receita, desculpe mas o que lhe parece que está a acontecer?

Fernando Vasconcelos disse...

Gi, quando se pediu a intervenção dos governos (e isso era quase consensual) na economia (e foram todos não apenas o nosso) claramente isso tinha como consequência o aumento do défice não nos deveríamos agora admirar por isso ter efectivamente acontecido. Não há milagres. Neste momento nitidamente estamos a reduzir a despesa e provavelmente teremos de aumentar a receita ... quer esperando que aumente a actividade económica e logo a receita quer se esta não aumentar será necessário aumentar impostos.

Gi disse...

Fernando, nem toda a gente pediu a intervenção dos governos, houve quem na altura dissesse que o melhor era estarem quietos e deixarem o mercado resolver os problemas. E em Portugal quando se viu que os bancos em perigo eram o BPN e o BPP, não pela crise financeira global mas por práticas fraudulentas, houve protestos à esquerda e à direita contra a intervenção do (des)governo.

Neste momento, com a estagnação económica e tantas empresas em dificuldades não estou a ver a receita a aumentar, mas também não vejo a despesa a diminuir a não ser por desorçamentação. Quanto a subir impostos, é a melhor maneira de arruinar ainda mais as empresas e os particulares.

Fernando Vasconcelos disse...

Sim Gi houve quem dissesse que era melhor deixar o mercado funcionar, embora tenham sido poucos, muito poucos. Há esquerda quem criticou tipicamente queria era mais intervenção ainda. Quanto ao resto assimilar a crise apenas ao BPN e BPP é um pouco irrealista por quanto esses dois casos são muito pouco relevantes para o conjunto. Não me interpretem mal eu sou a favor do mercado mas é preciso que se diga que sem regulação os mercados efectivamente conduzem a uma utilização óptima dos recursos disponíveis, só que isso não é forçosamente o melhor a longo prazo e por outro lado embora se possa argumentar quanto à equidade da redistribuição de riqueza ou mesmo da sua viabilidade não deixa também de ser verdade que sem isso estamos numa sociedade que aceita como bom o principio de que cada um que cuide de si. Menos estado sim, desde que seja efectivamente melhor estado. Veja-se a desgraça americana onde efectivamente a desigualdade no acesso à saúde por exemplo é muitíssimo pior do que no nosso país não havendo comparação no nível de riqueza das respectivas nações. A despesa só pode diminuir por diminuição da despesa corrente ou do investimento. Despesa corrente do estado em grande parte são recursos humanos e serviços de terceiros, diminuir isto significa portanto despedimentos ou mais empresas em dificuldades. Está a ver que não há milagres, temos de ter noção que não há soluções simples. Quem pretende que elas existem está IMHO enganado.

Anónimo disse...

Agora fala o Zé do Telhado.

Parece-me que o Fernando Vasconcelos erra quando diz que o deficit está agora a ser reduzido. As ultimas informações oficiais davam conta de um acréscimo de 40%, digo 40% , no deficit dos primeiros dois meses deste ano relativamente ao periodo homólogo do ano passado.

Por outro lado não sei até que ponto o estado português gastou dinheiro para segurar os bancos no ano passado. Julgo que o Estado caucionou a banca mas não deu um tostão à banca. Estão a ver o Estado a dar dinheiro ao Ricardo Salogado ou ao Fernando Ulrich? E ao caucionar a banca, o governo até realizou dinheiro pois cobrou um excelente prémio por tal caução.

E quanto às medidas que os governos tomaram, estamos no centro da turbulência e incapazes de avaliar se efectivamente resultaram. Não sabemos ainda se as medidas tomadas curaram alguma coisa ou se foram um make up para cobrir o acne. No que respeita à regulação dos mercados, julgo que estes já estão mais do que regulados. Por exemplo, no caso do BPN, não foi por falta de regulamentação que aconteceu o que aconteceu mas porque o seu presidente violou todas as regras possiveis e imagináveis sem que ninguem reparasse e o Banco de Portugal ter feito vista grossa e fechado os olhos atodos os rumores e irregularidades.

Esta mania de tudo regular vai acabar por sufocar-nos como aliás já está a acontecer. Qualquer dia até para respirar se pagam impostos.

Não morremos da doença mas certamente morreremos da cura. E quando os reguladores são os mesmos que acham que numa situação de monopólio onde basta aumentar as tarifas para que as empresas ganhem milhões se podem distribuir prémios de milhões em flagrante contraste com o que se pede à maioria da população, então o melhor é não regular mesmo. Até porque o excesso de regulamentação só vai refinar a imaginação dos que não querem a regulamentação, protegendo os prevericadores.

Também eu sou a favor do mercado.Também eu sou a favor de menos e melhor estado. E tenho a certeza que cada vez que o estado regulamenta torna-se mais tentacular e mais pesado e sempre pior. Portanto, mal por mal, prefiro um estado mau e levezinho que me chupe menos impostos e não me escravize.

Antonio