sábado, 2 de outubro de 2010

Sequeira Costa ao vivo

O homem é franzino, parece todo cabeça e mãos. E coração. Há-de ter coração também, nota-se, embora recuse os estados de alma de um Chopin choramingas e enjoativo.
O Chopin dele é outro: de ritmos variáveis, exibicionista, brincalhão. Difícil. Às vezes quase impressionista. As mãos não têm a rapidez de outras mais jovens (Berezovsky, por exemplo) mas por isso mesmo evidenciam detalhes que tornam o recital uma experiência de descoberta.

Para quem, como eu, se diverte com estas coisas, é evidente que o tema inicial do Scherzo nº2 op 31 foi repescado por Verdi para a abertura de La Forza del Destino, mas experimentem-se esta e esta versões do Scherzo nº3 op 39 e procure-se o segundo andamento da nona sinfonia de Beethoven. Difícil? Que ideia: ei-la, na mão esquerda a partir do segundo 0:48, conforme demonstra Rubinstein.

Conforme demonstrou ontem claramente Sequeira Costa.

(Faro, Teatro das Figuras, Outubro 2010)

6 comentários:

Paulo disse...

Preciso de mais uns dias até poder fazer essas experiências.

Gi disse...

Elas esperam por ti :-)

Paulo disse...

Sim, depois de ouvir umas três vezes (em relação ao Verdi - estava à procura das notas erradas, no sítio errado, no Chopin), cheguei lá. Claríssimo.
O caso Beethoven pareceu-me logo evidente.

Paulo disse...

P.S. Evidente na mão de Rubinstein.

Gi disse...

É por estas e outras que a música clássica se vai ouvindo sempre, por diferentes intérpretes, não achas? porque é tão rica que se vão sempre podendo descobrir coisas novas.
Nesta versão pela Martha Angerich o Beethoven também é evidente.

Paulo disse...

Sim, mas só depois de ter ouvido pelo Rubinstein é que me apercebi.