domingo, 23 de setembro de 2012

Impressões da Alemanha Parte III

A Alemanha destruída, dividida e reunificada foi entendida como um maná de oportunidades para os arquitectos. Já na minha primeira viagem a Berlim me tinha encantado com os pátios reconstruídos e requalificados dos Hackeshen Höfe.

(Berlim, Fevereiro 2003)

Desta vez, achei particularmente interessante a visita à Philharmonie. A Verena Alves é uma guia portuguesa com um sorriso luminoso, que nos conduziu através dos conceitos assimétricos e das influências várias do arquitecto Hans Scharoun. No auditório pricipal afinavam-se instrumentos e no mais pequeno (Kammermusiksaal) assistimos a parte de um ensaio: a acústica pareceu-me tão extraordinária que fiquei com mais vontade ainda de lá voltar para um concerto.


(Berlim, Setembro 2012)

Curiosamente encontrei outro edifício bem diferente que de certo modo quebra tanto a tradição como a Philharmonie: a Frauenkirche de Dresden, com as suas galerias que parecem balcões de um teatro. A igreja barroca foi totalmente destruída em 1945 e só reconstruída depois da reunificação alemã, utilizando materiais modernos combinados com os originais resgatados das próprias ruínas.

(Dresden, Setembro 2012)

Não era permitido fotografar o interior, mas pode ver-se as galerias aqui. Como (felizmente) só me apercebi da proibição depois de já ter fotografado o altar, ei-lo:

(Dresden, Setembro 2012)

6 comentários:

Mário R. Gonçalves disse...

Que arrelia, nem a paredes deixam tirar fotos. Em Veneza zanguei-me, depois de tirar uma 325 fotos no museu Correr à vista de todos, houve um mais zeloso que veio atrás de mim e ordenou-me que... desligasse a máquina ! Estava fulo de raiva por ter a lente "saída". Levou um arrivederci e continuei, enquanto ficou a barafustar no dialecto local.

Gi disse...

Mário, todas as fotos que tirei foram com o telemóvel, sem flash. A não ser por questões de segurança (e mesmo essas!) não sei que mal faz. E a lente? Que tinha o homem contra a lente?

Paulo disse...

Também tive direito a uma visita na Philharmonie com a Verena e apanhei um ensaio na Sala de Música de Câmara. Mas a Sala Grande, Gi...

Quando estive em Dresden ainda nem tinham começado a reconstruir a Frauenkirche (estarei a ficar velho ou os Alemães são mesmo rápidos?).

Gi disse...

Paulo, são rápidos, pois. Começaram os trabalhos em 1992 e acabaram em 2005. Só o altar foi um puzzle com mais de mil e seiscentas peças.
As fotos das ruínas são impressionantes. Agora olhas para a igreja e parece que não foi nada com ela.

Helena Araújo disse...

Contaram-me de um professor de engenharia na universidade de Dresden, que aguentou a ruína o mais que pôde, contra o regime comunista. É que queriam limpar o resto das ruínas, e ele dizia "ai! não façam isso, que eu tenho uns alunos a fazer um doutoramento sobre a estática dessa igreja, e se vocês destroem isso agora lá se vai o trabalho deles!"
Depois o muro caiu, eles resolveram reconstruir, e pronto.
Pior sorte teve a igreja de Bach em Leipzig: os autarcas decidiram que aquela praça estava a pedir mais espaço, e destruíram a igreja, assim sem mais.
Penso que esse foi, até, um dos motivos que levou à queda do muro: ao verem destruir aquela igreja, as pessoas tiveram a sensação de estarem completamente entregues à bicharada.

Gi disse...

Helena, estive a pesquisar a história a que te referes, e que não conhecia. Pelo que me apercebi, há várias igrejas em Leipzig nas quais Bach trabalhou; pelos vistos os ditos autarcas acharam que podiam prescindir de uma delas...

Nesta viagem não fui a Leipzig, apesar de ter passado perto. Tinha de sobrar alguma coisa!