Sexta-feira passada estive na Gulbenkian para o recital de Artur Pizarro com a Orquestra Gulbenkian dirigida por Lawrence Foster.
Um alinhamento um tanto estranho: a orquestra começou sozinha com o piano escondido atrás e acabou da mesma forma. Não achei a primeira peça (Orpheus) particularmente interessante e não fiquei para os Prelúdios finais. A orquestra portou-se muito bem, com destaque para o oboé, os violoncelos e contrabaixos, mas o que me interessava era Pizarro a tocar Liszt.
Liszt, que conheço mal, e começou a vida como intérprete virtuoso, foi um compositor notável e, nas suas obras tardias, um inovador, anunciando o impressionismo e para além dele. Os dois concertos para piano têm uma construção muito firme e interessante, o Concerto nº 2 em lá maior em particular - apesar de, como ouvi comentar, a música ser talvez mais difícil do que bonita. Certo é que qualquer das peças para piano tocadas na Gulbenkian permite ao solista brilhar, ou deverei antes dizer, exige que ele brilhe.
A transcrição da abertura do Tannhäuser pareceu-me muito fiel, embora não seja obviamente possível pôr num só piano a majestade de uma grande orquestra wagneriana; no entanto as cascatas de som de violinos e violoncelos traduzem-se nas escalas cristalinas sobre as quais voam as mãos do pianista. Houve notas falhadas no início, mas deixaram de ter importância perante o resto da execução. A ária Oh du mein holder Abendstern no início da segunda parte não teve escolhos, e em ambos os concertos para piano Pizarro emocionou e empolgou. Já o vi tocar várias vezes e acho sempre extraordinária a sensação que transmite de facilidade, leveza e alegria. Merece mil vezes os aplausos que recebe.
Infelizmente não encontrei na rede nenhuma destas peças tocada por ele, mas deixo a sua Rapsódia Húngara nº15.
Um alinhamento um tanto estranho: a orquestra começou sozinha com o piano escondido atrás e acabou da mesma forma. Não achei a primeira peça (Orpheus) particularmente interessante e não fiquei para os Prelúdios finais. A orquestra portou-se muito bem, com destaque para o oboé, os violoncelos e contrabaixos, mas o que me interessava era Pizarro a tocar Liszt.
Liszt, que conheço mal, e começou a vida como intérprete virtuoso, foi um compositor notável e, nas suas obras tardias, um inovador, anunciando o impressionismo e para além dele. Os dois concertos para piano têm uma construção muito firme e interessante, o Concerto nº 2 em lá maior em particular - apesar de, como ouvi comentar, a música ser talvez mais difícil do que bonita. Certo é que qualquer das peças para piano tocadas na Gulbenkian permite ao solista brilhar, ou deverei antes dizer, exige que ele brilhe.
A transcrição da abertura do Tannhäuser pareceu-me muito fiel, embora não seja obviamente possível pôr num só piano a majestade de uma grande orquestra wagneriana; no entanto as cascatas de som de violinos e violoncelos traduzem-se nas escalas cristalinas sobre as quais voam as mãos do pianista. Houve notas falhadas no início, mas deixaram de ter importância perante o resto da execução. A ária Oh du mein holder Abendstern no início da segunda parte não teve escolhos, e em ambos os concertos para piano Pizarro emocionou e empolgou. Já o vi tocar várias vezes e acho sempre extraordinária a sensação que transmite de facilidade, leveza e alegria. Merece mil vezes os aplausos que recebe.
Infelizmente não encontrei na rede nenhuma destas peças tocada por ele, mas deixo a sua Rapsódia Húngara nº15.
3 comentários:
Também me fizeram alguma impressão as notas falhadas na abertura de "Tannhäuser" mas não acho que tenha sido grave. Acontece. De resto, Pizarro esteve mais uma vez sublime.
Não sendo grande freguês de Liszt, gostei particularmente do Concerto nº 2. E concordo contigo quanto às transcrições de Wagner para piano.
De Liszt, podes ouvir também a Sonata por Pizarro.
Paulo, mais uma vez concordamos :-)
Obrigada pelo link.
E as transcrições das sinfonias de Beethoven para piano? Liszt é daqueles compositores que não sei muito bem porquê é tantas vezes subalternizado ... Eventualmente por causa daquilo que a Gi conta, ter começado como interprete virtuoso, isso talvez o tenha marcado e de certa forma descredibilizado para outros domínios.
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