quarta-feira, 10 de março de 2010

Um toque de cravo

Difícil como é escapar-me para Lisboa a meio da semana, fui na terça-feira à Gulbenkian ouver as Variações Goldberg tocadas em cravo por Andreas Staier.

Gosto de cravo e adoro as Variações Goldberg, que só conhecia realmente em piano; em cravo ouvi-as nos últimos dias graças à Antena2, em gravação do próprio Staier.

Ao vivo percebem-se mais coisas, como o grau de virtuosismo exigido, como as trocas de mãos, ou como o facto de o cravo não ser de todo um instrumento básico, permitindo os seus diferentes registos obter diferentes sons, às vezes quase uma guitarra. Dei por bem empregue a viagem, apesar de o instrumento e a obra ficarem talvez mais valorizados num ambiente mais pequeno, e certamente num ambiente sem tosses. Muito tosse o público português! Já Angela Hewitt se queixou quando cá esteve.

Também houve quem dormisse, mas isso neste caso é até uma medida do seu sucesso, se for verdade que as Variações foram compostas como remédio para as insónias do conde de Keyserling.

4 comentários:

Paulo disse...

O Crítico criticou.

Goldfish disse...

Parece-me que muito público português nesse género de espectáculo está ali porque é fino, porque fica bem ou porque é obrigado pelo consorte (aka, pela mulher). O resultado óbvio é o aborrecimento, com gente a dormitar, a tossir, a remexer-se permanentemente na cadeira, etc.. Pelo que diz no link de Angela Hewitt a solução é alguém reclamar alto e bom som.

P.S. - se funciona para as insónias vou procurar no youtube - e da próxima experimentarei... :D

Gi disse...

Paulo, o Crítico assestou as armas contra a Gulbenkian? E em inglês? Curiosíssimo.

Goldfish, a mim as Variações dão-me sossego. Experimente.

Paulo disse...

É. O Crítico agora critica em estrangeiro, e já são uns três tiros de seguida contra a Gulbenkian.