quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Comendo um gelado na marina

A marina de Albufeira é uma taveirada em jeito de Lego com cores de Arlequim, e um flop comercial. Apartamentos e moradias foram comprados por investidores a pensar nas mais-valias na altura da revenda; calculo que o BPN tenha ficado dono de uma boa parte por mor das hipotecas.


(marina, Albufeira, Agosto 2008)

As lojas não abriram, por falta de consumidores, e estes não vão lá porque não há nada para consumir. Ao nível da rua funciona um café/pastelaria, a mercearia fechou, e suponho que os frequentadores do café vão comprando uns jornais na loja do lado. Ao nível dos barcos, dois ou três restaurantes vão tentando sobreviver, e a geladaria Nosolo Italia é a única âncora de todo o empreendimento.

Foi aí que me encontrei ontem com a Moura Aveirense. Estivemos numa longa, interessante e divertida conversa, como o prova o facto de, pela primeira vez, ter pago o estacionamento, que é grátis nas primeiras três horas (apesar disso, os carros continuam a parar fora, em cima das ciclovias).

Os gelados da Nosolo Italia são uma delícia para gulosos. Ainda não tive a oportunidade, por impossível que pareça, de experimentar a concorrência de origem algarvia, a que já me referi: A Frígida Olhanense.
Juro que se chama assim.

Ah, e para quem quiser saber, há barcos na marina, e muitos, praticamente ali amarrados para o resto da vida. Mas isso não interessa nada: em Portugal as marinas e os campos de golfe não têm a utilidade evidente: são apenas desculpas para se construirem mais casas em redor.

Vivaldi por Carmignola para a Moura Aveirense:

4 comentários:

Joao Quaresma disse...

Olá Gi!

«Mas isso não interessa nada: em Portugal as marinas e os campos de golfe não têm a utilidade evidente: são apenas desculpas para se construirem mais casas em redor.»

Não é bem assim. As marinas servem para abrigar temporáriamente os barcos dos estrangeiros de passagem, e em permanência os dos portugueses que têm barco só para fazerem figura. E de caminho constróem-se umas casas (no Algarve; nas raras marinas no resto do país normalmente não estão urbanizadas).

O golfe é uma das coisas que melhor tem funcionado em Portugal e em que nós mostramos como somos dos melhores: o Praia D'El Rei (perto de Óbidos) é considerado o melhor resort de Golf da Europa, e nem é preciso falar nos do Algarve. Por sí só, o golfe traz a Portugal 250.000 turistas que gastam muito bem (no Victoria de Vilamoura, só para entrar são 100€). O 2006, o golfe representou 2% do PIB, mais que a Autoeuropa. As casas são um extra, mas um extra muito bom porque permite fixar clientela, além da venda das casas em si.

Gi disse...

JQ, muito obrigada pelo seu comentário.

As marinas servem para abrigar (...) em permanência os dos portugueses que têm barco só para fazerem figura

Concordo que muitos portugueses só compram barco para fazerem figura... e/ou num entusiasmo inicial que rapidamente esmorece.

E de caminho constróem-se umas casas

Umas casas? LOL Veja quantas se construíram /estão a construir em Vilamoura. Em Albufeira, se se tivessem vendido as primeiras, já não haveria um palmo de terreno livre.

Quanto ao golfe, vai-me desculpar se perguntar de onde tirou esses dados, e especialmente quem considera o resort da Praia d'El Rei o melhor da Europa.

(Na minha opinião a única coisa que temos melhor que no resto da Europa é o peixe)

Quanto aos green-fees do campo Victoria em Vilamoura, julgo que são os mais caros de todo o Algarve. Mas por enquanto não tenho categoria para lá jogar ;-)

Joao Quaresma disse...

Mas Vilamoura é o exemplo de um empreendimento bem pensado. Marina, praia, casino e golfe (e já teve aeródromo). É a única grande marina, bem pensada, que nós temos no Continente (Cascais é um disparate, Oeiras é boa mas muito pequena; Troia promete).

Os dados fixei-os de memória, de ver na imprensa económica. Quanto à Praia D'El Rei, vi a notícia há dias numa revista de golfe cujo nome não me recordo. Por quem, também não me lembro, lamento. Mas se encontrar a informação, partilho-a consigo.

Aproveito para lhe dar o meu endereço: joao.kuaresma (arroba) gmail.com

Moura Aveirense disse...

:) Foram encontros muito agradáveis! E obrigada pela música barroca ;)

Um beijinho a partir do interior algarvio,

Moura Aveirense