DE TARDE
N'aquelle «pic-nic» de burguezas,
Houve uma cousa simplesmente bella,
E que, sem ter historia nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarella.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão de bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima d'uns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas, todo purpuro a sahir da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde, in O Livro de Cesário Verde
N'aquelle «pic-nic» de burguezas,
Houve uma cousa simplesmente bella,
E que, sem ter historia nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarella.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão de bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima d'uns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas, todo purpuro a sahir da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde, in O Livro de Cesário Verde
(Guia, Abril 2009)
2 comentários:
Bonito!
:-)
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