terça-feira, 11 de maio de 2010

Esquerda ou direita

Às vezes passo-me com certas coisas que se escrevem, e que se definem dentro da dicotomia política direita/esquerda.

Eu não gosto que o Estado se meta na minha vida: não gosto do socialismo, não gosto de nacionalizações, não gosto de impostos, sou a favor da livre iniciativa, da propriedade privada, da liberdade individual, e das diferenças entre classes. Isto, ao que parece, é ser de direita.

Pela mesma razão sou a favor do casamento para quem o quiser, não me preocupa a cor da pele nem a orientação sexual de cada um, respeito os animais, detesto touradas e caça e pesca desportivas, e não gosto nada de religiões (nenhumas). Isto, ao que parece, é ser de esquerda.

Na hora de votar a coisa complica-se, pois se cada partido me há-de cercear a liberdade à sua maneira, como escolher entre eles?

9 comentários:

Mário R. Gonçalves disse...

Amiga Gi,

Subescrevo todo o seu enunciado! - até nas touradas estamos de acordo, só que ao que parece agora as touradas são de esquerda...

É por todas essas razões e mais algumas toneladas delas, que eu já há anos que não voto; a escolha é impossível ou indiferente. Exigir uma democracia decente de base não-partidária não é desejar o regresso da outra senhora, como os partidos logo clamam. Esta democracia está caduca, não me apetece participar nela, nem tenho medo nehum de que veha aí uma ditadura: a História não volta para trás nem é circular, isso são tretas. A História vai sempre por caminhos novos , podem é ser caminhos piores, como já aconteceu. É só contra isso que devemos estar alerta na exigência de um novo regime.

A construção da Europa até era uma boa oportunidade para acabar com "esquerdas" e "direitas"; o primeiro passo era dizer fascismo=comunismo , nunca mais. Alguém tem coragem ? O 2º passo era dizer capitalismo = socialismo = roubalheira. Idem. Talvez depois houvesse bases para algo novo.

ematejoca disse...

Esse problema, minha cara Gi, também eu o tenho!!!

Paulo disse...

Parece-me que esse dia ainda vem longe, Mário. Na falta de uma Democracia melhor, temos de nos contentar com esta, parece-me. E as touradas, penso, ultrapassam as ideologias políticas.

Gi, perante esse dilema, não sei o que te diga. Também por vezes discordo das atitudes e posições dos políticos com quem mais me identifico, e em quem normalmente voto.

antonio disse...

Eu não gosto do socialismo. Porque o socialismo em ditadura não funciona. E em democarcia é hipócrita.

E claro que sou a favor da iniciativa privada, da propriedade privada e da liberdade individual E não invejo nada quem tem mais do que eu.

Agora não sou a favor da diferença entre classes. Sou a favor da diferença entre as pessoas. Fico aliás feliz de saber que o Colombo está a abarrotar enquanto eu tenho a Avenida da Liberdade só para mim.

Sou apenas a favor do meu casamento. Quanto ao casamento dos outros, à cor da pele dos outros ou à orientação sexual dos outros não sou a favor nem contra

Da mesma maneira que não quero que ninguem seja a favor ou contra o meu casamento, à minha cor de pele ou à minha orientação sexual.

E jamais aceitarei ser de esquerda ou de direita. Eu tenho causas e convicções e não aceito que uma esquerda retrógueda ou uma direita envergonhada se apropriem das minhas convicções.

rps disse...

A velha dialéctica esquerda/direita não acabou. Mas mudou.
Há 30 anos, eram bem claras claras as posições, as opções da Direita e da Esquerda. Hoje há questões muito "mitigadas".

E, nesse velho confronto de anos, de algum modo a direita "ganhou" a batalha na economia e a esquerda ganhou dos "costumes".
O pensamento hoje dominante é exactamente esse que subscreves. És uma pessoa destes tempos. E estes tempos, sabêmo-lo todos, não estão lá grande coisa.

juliana disse...

Gi,

Eu gosto de tourada. Fui crida no Ribatejo entre touros e cavalos, daí que goste de tourada.
Também gosto de caça. A caça preserva espécies que de outra forma já teriam desaparecido.
O mesmo se passa com os touros de lide. Só existem para as touradas.
Os cavalos Lusitanos são famosos no mundo, por causa das touradas.
Caçar um animal e comê-lo é diferente de matá-lo numa linha de montagem e comê-lo? Não vejo diferença nenhuma.
Quanto ao casamento para mim é entre um homem e uma mulher, ponto final.
Descobri-a no facebook de uma amiga minha, mas também não tem fotografia no facebook. Porque é que não põe uma fotografia no facebook como toda a gente? Assim nunca sabemos quem é. Lá não tem problema porque só se adiciona os amigos. Juliana também não é o meu nome verdadeiro, mas no facebook apareço com o nome verdadeiro.

Gi disse...

Mário, Teresa, é bom não estar sozinha :-)

Paulo, tu às vezes, eu quase sempre...

Antonio, sabes que recusar estes rótulos é de direita? ;-)

RPS, mesmo nestes tempos eu conheço pessoas que se sentem muito bem com opções económicas e sociais do mesmo lado da barreira.

Juliana, não me faz impressão nenhuma que os touros de lide se extingam naturalmente, faz-me impressão é que sejam extintos um a um para divertimento das massas.
Caçar um animal e comê-lo também acho normal, já caçá-lo porque se gosta de fazer tiro ao alvo não.
Quanto ao facebook, ainda não sei se gosto muito daquilo ou se vou desistir.

juliana disse...

Gi,

Eu compreendo. Nós os ribatejanos, temos uma maneira própria de lidar com este assunto das touradas. Vivi e vivo no Ribatejo e isso aqui é natural.
Quanto ao facebook é engraçado para ir mantendo contacto com os amigos.Tem sempre a possibilidade de não aceitar ou em último caso, de bloquear alguém. Há muitas defesas. Não precisa de ter medo. Eu também tinha, mas não tenho tido problemas. Se alguém aparece que não me apetece, nao deixo entrar e pronto. E ponha uma foto para a conhecermos. Gosto muito do seu blogue, especialmente da música.

Gi disse...

Obrigada, Juliana :-) Quanto à foto, vou pensar nisso.