terça-feira, 25 de maio de 2010

A partida do deus

Notícia do Corriere della Sera:

Il caso - Il commissario straordinario: progetto redatto da chi mi ha preceduto
Pompei tra ruspe, cavi e mattoni
Contestato il restauro del Teatro

L’Osservatorio del patrimonio culturale scrive al ministro Bondi: «La cavea costruita ex novo, un fatto grave»

dal nostro inviato ALESSANDRA ARACHI
(...) I martelli pneumatici diventano quasi un dettaglio nel terribile cantiere del Teatro Grande di Pompei, invaso da betoniere, bob kart, ruspe, cavi, levigatrici e chi più ne ha ne metta.(...)
(...) Scrive Antonio Irlando, responsabile dell’Osservatorio, al ministro: «La gravità è facilmente e banalmente dimostrabile, in particolare della cavea, che, rispetto ad una qualsiasi foto o disegno di diversi momenti della vita degli scavi, risulta completamente costruita ex novo con mattoni in tufo di moderna fattura». (...)


É difícil acreditar que Pompeia se esteja a transformar em mais uma fancaria em betão, mas é o que o repórter denuncia. Vi na Grécia tais restauros, desde o teatro e o hipódromo de Rhodes ao palácio de Knossos. O pessoal anda por ali, tem mais facilidade em perceber como eram as coisas, mas juro que falta a presença do génio do lugar que, amargurado, se terá mudado para outras paragens.

(Rhodes, Rhodes, Setembro 2005)


The God abandons Antony

When suddenly, at midnight, you hear
an invisible procession going by
with exquisite music, voices,
don’t mourn your luck that’s failing now,
work gone wrong, your plans
all proving deceptive—don’t mourn them uselessly.
As one long prepared, and graced with courage,
say goodbye to her, the Alexandria that is leaving.
Above all, don’t fool yourself, don’t say
it was a dream, your ears deceived you:
don’t degrade yourself with empty hopes like these.
As one long prepared, and graced with courage,
as is right for you who proved worthy of this kind of city,
go firmly to the window
and listen with deep emotion, but not
with the whining, the pleas of a coward;
listen—your final delectation—to the voices,
to the exquisite music of that strange procession,
and say goodbye to her, to the Alexandria you are losing.


C. P. Cavafy, Collected Poems, Princeton, New Jersey, 1992

2 comentários:

Xantipa disse...

Fui à Grécia, pela primeira vez, quando acabei o 1º ano da faculdade. A emoção é indescritível. Lembro-me de ter ficado quase a chorar quando vi o Pártenon (devia dizer Partenão, para ser correcta, mas felizmente a outra está consagrada pelo uso) e com vontade de mandar embora da ágora todos os que a pisavam, qual Cristo a expulsar os vendilhões do templo.
Em Micenas ninguém ligava a nada: a entrada era quase gratuita e nem umas cordinhas impediam as crianças (e adultos) de passar por cima de muros de casas, tal era o abandono.
Isto para dizer que há que cuidar, claro, restaurar, mas não «betonizar».
Concordo contigo.
Provavelmente os «betonadores» queriam dar forma ao que já estava perdido, para deixarem de ouvir as pessoas dizer (como há anos que oiço): «A Grécia é uma desilusão».
Sei que o exemplo que deste é em Itália, mas se as colunazinhas não estão no sítio e se espalham pelo chão, como em Selinunte, por exemplo, já não prestam.
Não mereciam ter lá ido, penso eu.
Beijinhos

Gi disse...

Xantipa, já tenho ouvido essa frase sobre a Grécia e também sobre a Itália, mas penso que são pessoas que conhecem mal a história antiga e não conseguem perceber o que vêem.

Hoje é possível ter nos museus reconstituições virtuais fantásticas que são excelentes ajudas e não é preciso estragar os lugares.

Olha, hei-de fazer uns posts com ligações para reconstituições dessas online.